sábado, 30 de janeiro de 2010

Bastardos Inglórios

Engraçado! sempre os filmes mostram os nazistas matando e dominando os judeus!
Nesse filme Tarantino mostra ao contrário! é o mais interessante!
Filme bastante longo! 3 horas de duração!!!
Muito,muito sangrento, apesar disso, muito muito cômico!
Genial!Criativo!inteligente! adorei!
No início da ocupação nazista na França a atriz alemã Shosanna Dreyfus testemunha o extermínio de sua família pelo coronel Hans Landa. Fugindo para Paris forja uma nova identidade e vira dona de um cinema. Em outro ponto da Europa o tenente Aldo mais »Raine reúne um grupo de soldados judeus americanos. Apelidados de Os Bastardos organizam pequenos e brutais atos de vingança contra os nazistas visando derrubar o regime. As duas histórias se unem debaixo de uma marquise de cinema onde Shosanna prepara sua própria vingança. Melhor Ator (Brad Pitt) no Festival de Cannes 2009.
Direção: Quentin Tarantino.

Tollocos - comida mexicana!

Estava eu e minha amiga passeando na Augusta e há tempos já estava paquerando esse lugar!
Pelo fato de gostar bastante de comidas apimentadas,tomei coragem e entrei num lugar novo...óóóóóóóóó!
Gostei, mas não aquela coisa de nossaaaa quero mais!
Pedi um burrito de carne, barbecue e chilli & beans, e Nachos com guacamole.
Talvéz não tenha sabido escolher o melhor! ou pode ter sido pelo fato de ser a primeira vez!
Vou tentar de novo!

Show da Zélia - Sesc Pinheiros

Para apresentar a canção" Todos os verbos", Zélia explicou o motivo da canção que serviria como homenagem para uma fã que é surda e muda, e mesmo assim, "ouve" as músicas dela! É lindo a cantora falando que agora está aprendendo com a fã a "escutar" a sua própria música.
Além da letra ser divina (Errar é útil/Sofrer é chato/Chorar é triste/Sorrir é rápido/Não ver é fácil/Trair é tátil/Olhar é móvel/Falar é mágico/Calar é tático/Desfazer é árduo/Esperar é sábio/Refazer é ótimo/Amar é profundo),Zélia interpreta a música na linguagem gestual para surdos foi um dos momentos especialmente tocantes na apresentação.
A delicada iluminação, assim como o singelo cenário (apenas uma tela e um sol ao fundo do palco), também foi de muito bom gosto.
O roteiro do shows dela, sempre tem grandes sacadas!
A interpretação que ela fez ("Não sei porque tô tão feliz / Preciso refletir um pouco e sair do barato / Não posso continuar assim como se fosse um sentimento inato / Sem ter o menor motivo / Sem ter uma razão de fato / Ser feliz assim é meio chato"), foi demais!!
Além disso, homenageou Roberto Carlos de uma forma toda particular e cheia de personalidade cantando "I Love You" (canção em homenagem aos 50 anos de carreira de Roberto Carlos, e gravada pelo Rei em seu álbum de 1971)
Ela é inteligente, canta e interpreta lindamente!
Suas músicas sempre tem amor, com alegria, arte e muita poesia!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Na natureza selvagem

Sempre me falaram desse filme e realmente é uma lição real da vida!
Toda a história é baseada em fatos reais, relatados após a excelente pesquisa jornalística feita por Jon Krakauer, da vida do brilhante aluno e atleta Christopher McCandless. O filme alterna sucessivamente entre sua solitária aventura no Canadá e os fatos que a antecederam, recorrendo constantemente a flashbacks narrativos de sua infância e juventude numa tentativa de encontrar explicações ou justificativas para sua inusitada e controversa escolha de vida.

Algumas frases do filme:

"Eu vou parafrasear Thoreau aqui... mais que amor, que dinheiro, que fé, que fama, que equidade... dê-me a verdade."

"Se admitirmos que a vida humana possa ser regida pela razão, então está destruída toda a possibilidade da vida."

"Quando você perdoa, você ama. E quando você ama, a luz de Deus brilha em você."

"Você sabe, falo de livrar-se desta sociedade doente... Sabe o que eu não entendo? Porque as pessoas, todas as pessoas, são sempre tão más umas com as outras. Não faz sentido. Julgamento. Controle. Todas estas coisas... De que pessoas estamos falando? Você sabe, pais, hipócritas, políticos, canalhas."

"A felicidade só é real quando partilhada."

direção: Sean Penn

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Cerejeiras em flor

O filme da diretora alemã Doris Dörrie nos comove, faz com que pensemos na relação com nossos pais, mostra o amor uma forma artística!Nos aproxima da cultura alemã e japonesa.
Amei a parte da dança japonesa -BUTÔ! É uma dança das sombras.
Pintados de branco os intérpretes exploram gestos bem lentos, ficam livres para externarem seus sentimentos íntimos, dialogam com suas dores e perdas.
Uma espécie de comunicação para aproximar e trazer de forma abstrata a pessoa que se perdeu, mas que sempre está dentro da gente.

Quando descobre que seu marido tem pouco tempo de vida, Trudi não sabe se deve contar a ele a verdade. Em vez disso, ela decide planejar com Rudi uma viagem, para que aproveitem bem estes últimos momentos juntos. Sonhando conhecer o Japão, país pelo qual é apaixonada, a mulher decide que este será o destino do casal, mas que antes eles irão até Berlim, para fazer uma última visita a seus dois filhos que moram lá.
A viagem, porém, não é como eles imaginavam, já que os filhos sequer têm tempo de dar qualquer atenção aos dois. Quando seguem sua viagem, o inesperado acontece e Trudi morre. Ainda sem saber que também tem pouco tempo de vida, Rudi decide fazer uma homenagem à esposa, então continua com os planos e vai até o Japão. Lá, após conquistar a amizade de uma jovem, Rudi percebe os sacrifícios que sua mulher havia feito por amor a ele.

Diretor: Doris Dörrie

Leci Brandão

Show Leci - Sesc Vila Mariana
Muito,muito,muito bom!
Que energia contagiante!!! sai de lá feliz da vida! rs
Ela é muito boa!
Canta muito!
Cantou muito!
Divina!
A D O R E I


Zé do Caroço
Lê, lê, lê, lê,êêeeee
lê lê lê lê lê lê lê,eeee
Lê, lê, lê, lê,êêeeee
lê lê lê lê lê lê lê,eeee
O serviço de auto falante,
no morro do pau da bandeira,
Quem avisa é o zé do caroço,
amanhã vai fazer alvoroço,
alertando a favela inteira
há como eu queria que fosse em mangueira
que existe outro zé do caroco,
pra dizer de uma vez pra esse moço,
carnaval não é esse colosso,
minha escola é raiz é madeira,
Mas é o morro do pau da bandeira
de uma vila isabel verdadeira
que o zé do caroço trabalha
que o zé do caroço batalha
e que malha o preço na feira
e na hora que a televisão brasileira
destrai toda gente com sua novela
é que zé põe a boca no mundo,
e que faz um discurso profundo
ele quer ver o bem da favela
está nascendo um novo lider
no morro do pau da bandeira...
está nascendo um novo lider
no morro do pau da bandeira...
está nascendo um novo lider
no morro do pau da bandeira...
no morro do pau da bandeira...
no morro do pau da bandeira hêee
Lê, lê, lê, lê,êêeeee
lê lê lê lê lê lê lê,eeee
Lê, lê, lê, lê,êêeeee
lê lê lê lê lê lê lê,eeee

sábado, 9 de janeiro de 2010

Última Parada 174

O diretor teve muita sensibilidade! gostei muito, adorei esse filme! ao mesmo tempo é um soco no estômago!
Poxa... vemos as notícias nos jornais sobre crimes,assaltos,barbaridades..
mas já paramos pra pensar??
como uma criança que nasce em meio a frieza,ao descaso,fome,dificuldade,violência terá estrutura pra sair disso?
Se nós adultos, quando temos algum sofrimento, seja por amor, acontecimentos da vida...já traumatiza! imagine um indivíduo, uma pessoa assim como nós, crescer sem nenhum tipo de amor ou consciência do que é certo ou errado, devido ao meio que vive!
Será que seria possível adquirir discernimento sobre o bem e o mal e não matar, ou roubar, e todas essas coisas terríveis que acontecem?!
É muito triste!
Eu, hoje se fosse jogada na rua, sem nenhuma assistência, ou emprego...acho que ficaria com o passar do tempo e dificuldades, uma pessoa mais fria e ruim...imagine alguém que cresce com essa estrututa, "educação"!
Por isso, que acho que o problema maior está nas crianças!
O ser humano se forma quando se é criança!
Imagina seu filho, seu irmão, em meio disso tudo, se criando com a formação da rua!
Como seria?
Tínhamos que resolver o mal pela raíz, e não superficialmente!
As crianças que estão invisíveis aos nossos olhos, se tornam visíveis nos noticíarios e manchetes da TV.
É muito fácil matar, julgar ao invés de olhar a realidade de frente e encarar que todos nós somos responsáveis.
Por isso, recomendo esse filme a todas as pessoas, pois o diretor teve muita sensibilidade de mostrar o que faz o ser humano se tornar o que é, e não o caso isolado, que vemos e julgamos quando passa na televisão.
Muito bom mesmo!
Última Parada 174 é um filme brasileiro de 2008 dirigido por Bruno Barreto, escrito por Bráulio Mantovani, produzido pela Moonshot Pictures e estrelado por Michel Gomes e Marcello Melo Jr. O filme conta a história verídica de Sandro Barbosa do Nascimento, menino de rua do Rio de Janeiro que sobreviveu à chacina da Candelária e, em 2000, sequestrou um ônibus. No dia 16 de setembro de 2008 o filme foi escolhido pelo Ministério da Cultura como representante do Brasil na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro na cerimônia de 2009.
Diretor: Bruno Barreto

Rua Augusta, Av Paulista!!!

Como eu gosto! Se tem uma coisa que posso dizer que está na veia,são as ruas do centro de São Paulo!
Eu gosto mesmo! me renovo cada vez que ando pela augusta,pela Av. Paulista não importa o tempo!
Adoro a diversidade,cultura e o estilo alternativo que é marca dessas ruas!
Me sinto livre, me sinto eu, quando passeio por aqui!
Parece que ninguém vê ninguém, e ao mesmo tempo todo mundo vê todo mundo!
Coisa de maluco...pode ser! até gosto dessa idéia!
No final tudo acaba em caminhada na augusta e na paulista!

Amostra Iraniana - Procurando Elly

Eu gostei da produção do filme, ao mesmo tempo que é bem natural, espontânea é bem feita e os atores são bons.
Gostei também porque os iranianos do filme do diretor Asghar Farhadi não combinam com a imagem que o país faz deles.
É um outro tipo de produção, diferente da que costumamos assistir!
Valeu a pena!

São famílias da capital Teerã que, como todo mundo, resolvem passar uns dias na praia, numa mesma casa, ao norte, às margens do Cáspio. Organizadora do veraneio, Sepideh (Golshifteh Farahani) inventa de bancar a cupido sem avisar ninguém: leva consigo uma amiga, Elly (Taraneh Alidoosti), pensando em arrumar-lhe um noivo. Mas tudo dá errado, Elly fica intimidada, some, e os erros se congestionam a partir daí.
Diretor: Asghar Farhadi

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ana Carolina e Seu Jorge - Tá rindo, é?

Não paro de escutar!

"Ahhhh, vamos dando risada que a vida nos chama não dá pra chorar"


Ah, hoje eu quebrei o meu despertador logo pela manhã
Tocou atrasado e eu quase perdi o horário da van,
Agora você vê como são as coisas Maria José,
Se der

Se der, pra você me emprestar aquele seu vestido azul cor de mar
E se não servir vou tentar perder um quilo e meio até

Semana que vem é o tal casamento e eu não tenho o que
usar
Se der
Ah, e falando nisso homem bom, hoje em dia, tá ruim de
arranjar
Aquele que eu tinha eu peguei com outra, mandei ele
andar
Malandro e folgado comigo não dura mais nem um luar,
Tá rindo, é?
Ah, vamos dando risada que a vida nos chama não da pra
chorar
A minha oração é bem curta pro santo não entediar
E vamo que vamo e vamo que vamo
Ah, vamos dando risada que a vida nos chama não da pra
chorar
A minha oração é bem curta pra não entediar
E vamo que vamo e vamo que vamo que dá
Ah, recebi um torpedo da telefonia no meu celular
Prometendo desconto às três da manhã se eu puder
falar
Mas de madrugada, quem vai me atender, quem vai me
ligar? (Eu heim!)
Tchau
Fique tranqüila que o vestido eu cuido, não deixo
sujar
Quem sabe eu te ligue pra pode a tarifa a gente
aproveitar
Ou quem sabe até eu arranje alguém novo pra me
namorar
Tá rindo, é?
Ah, vamos dando risada que a vida nos chama não da pra
chorar
A minha oração é bem curta pro santo não entediar
E vamo que vamo e vamo que vamo
Ah, vamos dando risada que a vida nos chama não da pra
chorar
A minha oração é bem curta pra não entediar
E vamo que vamo e vamo que vamo que dá
E vamo que dá
E vamo que dá

Masp - Rodin

Vi no Masp!!!
Muito bom! Ele retrata bastante o corpo nú!! acho maraaaaa

O escultor francês René-François-Auguste Rodin (1840 - 1917) nasceu em Paris e é considerado um dos mais importantes artistas de sua época.
Os críticos acreditam que o trabalho de Rodin condensa vários estilos artísticos do século XIX, como o Romantismo, o Realismo, o Simbolismo e o Impressionismo.


Eterna Primavera,Fugit Amore,O Pensador, O Beijo, As Três Sombras

Rubem Alves

"Amar é ter um pássaro pousado no dedo.
Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que,
a qualquer momento, ele pode voar"

Rubem Alves nascido em Boa Esperança,sul de Minas Gerais em 15 de setembro de 1933 é um psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro, é autor de livros e artigos abordando temas religiosos, educacionais e existenciais, além de uma série de livros infantis

Adoroooo esse homem!

A manhã está do jeito como eu gosto. Céu azul, ventinho frio. Logo bem cedinho convidou-me a fazer nada. Dar uma caminhada – não por razões de saúde, mas por puro prazer. Os ipês-rosa floriram antes do tempo – vocês já notaram? E não existe coisa mais linda que uma copa de ipê contra o céu azul. Cessam todos os pensamentos ansiosos e a gente fica possuído por pura gratidão de que a vida seja tão generosa em coisas belas. Ali, debaixo do ipê, não há nada que eu possa fazer. Não há nada que eu deva fazer. Qualquer ação minha seria supérflua. Pois como poderia eu melhorar o que já é perfeito?Livro:O Retorno e Terno
Lembro-me das minhas primeiras lições de filosofia, de como eu me ri quando li que, para o Taoísmo, a felicidade suprema é aquilo a que dão o nome de Wu-Wei, fazer nada. Achei que eram doidos. Porque, naqueles tempos, eu era um ser ético que julgava que a ação era a coisa mais importante. Ainda não havia aprendido as lições do Paraíso – que quando se está diante da beleza só nos resta... fazer nada, gozar a felicidade que nos é oferecida.
Queria perguntar aos ipês das razões do seu equívoco. Será que, por acaso, não possuíam uma agenda? Pois, se possuíssem, saberiam que a floração de ipê está agendada somente para o mês de julho. Qualquer um que preste atenção nos tempos da natureza sabe disto. Mas antes que fizesse minha pergunta tola ouvi, dentro de mim, a resposta que me dariam. Responderiam citando o místico medieval Angelus Silésius, que dizia que as flores não têm porquês; florescem porque florescem. Pensei que seria bom se também nós fôssemos como as plantas, que nossas ações fossem um puro transbordar de vitalidade, uma pura explosão de uma beleza que cresceu por dentro e não mais pode ser guardada. Sem razoes, por puro prazer.
Mas aí olho para a mesa e um livro de capa verde me lembra que não vivo no Paraíso, que não tenho o direito de viver pelo prazer. Há deveres que me esperam. O que todos pedem de mim não é que eu floresça como os ipês, mas que eu cumpra os meus deveres – muito embora eles me levem para bem longe da minha felicidade. Pois dever é isto: aquela voz que grita mais alto que as minhas flores não nascidas – os meus desejos – e me obriga a fazer o que não quero. Pois, se eu quisesse, ela não precisaria gritar. Eu faria por puro prazer. E se grita, para me obrigar à obediência, é porque o que o dever ordena não é aquilo que a alma pede. Daí a sabedoria de dois versos de Fernando Pessoa. Primeiro, aquele em que diz: Ah, a frescura na face de não cumprir um dever! Desavergonhado, irresponsável, corruptor da juventude, deveria ser obrigado a tomar cicuta, como Sócrates! Não é nada disto. Ele só diz a verdade: só podemos ser felizes quando formos como os ipês; quando florescermos porque florescemos; quando ninguém nos ordena o que fazer, e o que fazemos é um filho do prazer. E o outro verso, aquele em que diz que somos o intervalo entre o nosso desejo e aquilo que o desejo dos outros fez de nós.
No meu livro de capa verde estão escritos os desejos dos outros. Ele se chama agenda. Os meus desejos, não é preciso que ninguém me lembre deles. Não precisam ser escritos. Sei-os (isto mesmo, seios!) de cor. De cor que dizer no coração.
Aquilo que está escrito no coração não necessita de agenda porque a gente não esquece. O que a memória ama fica eterno. Se preciso de agenda é porque não está no coração. Não é o meu desejo. É o desejo de um outro. Minha agenda me diz que devo deixar minha conversa com os ipês para depois, pois há deveres a serem cumpridos. E que eu devo me lembrar da primeira lição de moral ministrada a qualquer criança: primeiro a obrigação, depois a devoção; primeiro a agenda, depois o prazer; primeiro o desejo dos outros, depois o desejo da gente. Não é esta a base de toda vida social? Uma pessoa boa, responsável, não é justamente esta que se esquece dos seus desejos e obedece os desejos de um outro – não importando que o outro more dentro dela mesma?
Ah! Muitas pessoas não têm alma. O que elas têm, no seu lugar, é uma agenda. Por isto serão incapazes de entender o que estou dizendo: em suas almas-agendas já não há lugar para o desejo. No lugar dos ipês existe apenas um imenso vazio. Há um vazio que é bom: vazio da fome (que faz lugar para o desejo de comer); vazio das mãos em concha (que faz lugar para a água que cai da bica); vazio dos braços (que faz lugar para o abraço); vazio da saudade (que faz lugar para a alegria do retorno).
Mas há um vazio ruim que não faz lugar para coisa alguma, vazio-deserto, ermo onde moram os demônios. E este vazio, túmulo do desejo, precisa ser enchido de qualquer forma. Pois, se não for, ali virá morar a ansiedade.
A ansiedade é o buraco deixado pelo desejo esquecido, o buraco de um coração que não mais existe: grito desesperado pedindo que desejo e coração voltem, para que se possa de novo gozar a beleza da copa do ipê contra o céu azul. Tão terrível é este vazio que vários rituais foram criados para exorcizar os demônios que moram nele. Um deles é a minha agenda – e a agenda de todo mundo. Quando a ansiedade chega, basta ler as ordens que estão escritas, o buraco se enche de comandos, e se fica com a ilusão de que tudo está bem. E não é por isto que se trabalha tanto – da vassoura das donas de casa à bolsa de valores dos empresários? São todos iguais: lutam contra o mesmo medo do vazio.
“E vós, para quem a vida é trabalho e inquietação furiosos – não estais por demais cansados de viver? Não estais prontos para a pregação da morte? Todos vós para quem o trabalho furioso é coisa querida – e também tudo o que seja rápido, novo e diferente – vós achais por demais pesado suportar a vós mesmos; vossa atividade é uma fuga, um desejo de vos esquecerdes de vós mesmos. Não tendes conteúdo suficiente em vós mesmos para esperar – e nem mesmo para o ócio” (Nietzsche)
Por isto ligamos as televisões, para encher o vazio: por isto passamos os domingos lendo os jornais (mesmo enquanto nossos filhos brincam no balanço do parquinho), para encher o vazio; por isto não suportamos a idéia de um fim de semana ocioso, sem fazer nada (já na segunda-feira se pergunta: “E no próximo fim de semana, que é que vamos fazer?”); por isto até a praia se enche de atividade frenética, pois temos medo dos pensamentos que poderiam nos visitar na calma contemplação da eternidade do mar, que não se cansa nunca de fazer a mesma coisa.
Certos estão os taoístas: a felicidade suprema é o Wu-Wei, fazer nada. Porque só podem se entregar às delícias da contemplação aqueles que fizeram as pazes com a vida e não se esqueceram dos seus próprios desejos.

Em nome de Deus - Abelardo e Heloísa

A história é fascinante!!!!
O filme está adaptado com o nome "EM NOME DE DEUS" Acho que o título faz todo o sentido, pois na idade média as pessoas eram manipuladas pela forte influência e poder que a igreja católica tinha na vida das pessoas, em nome do poder, falavam em nome de Deus.Sem dúvida isso hoje acontece muito, mas acredito que temos contato com diversas fontes que nos faz ampliar nossos conhecimentos e nos ajuda discernir sobre o rumo das nossas vidas, ao contrário desse período que os livros eram restritos e só os monges detinham controle de tudo.
Mais do que uma linda e real história de amor, nos faz questionar o tempo todo.
É um túmulo de mármore branco, no cemitério Père-La-Chaise, em Paris. Sob a proteção de um docel rendilhado, também de mármore, eles se encontram em sua forma definitiva, modelados pela memória, pela noite, pelo desejo.
Deitados um ao lado do outro, em vestes mortuárias, sem se tocarem, rostos voltados para os céus, mãos cruzada sobre o peito, sem desejo: assim um escultor os esculpiu, obediente à forma como a tradição religiosa imobilizou os mortos. Mas, se a escolha fosse deles, a escultura seria outra:O beijo, de Rodin, seus corpos nus abraçados.
E as palavras gravadas seriam as de Drummond:
O amor é primo da morte, e da morte vencedor,
por mais que o matem( e matam) a cada instante de amor.
Assim é o túmulo de Abelardo e Heloísa: amaram de forma apaixonada e impossível, irremediavelmente separados um do outro pela vida, na esperança de que a morte os ajuntasse, eternamente.
O amor feliz não vira literatura ou arte.
Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, As pontes de Madison, Love Story- o amor comovente é o amor ferido. Diz Octávio Paz que ” coisas e palavras sangram pela mesma ferida.” Mas o amor feliz não é ferida. Como poderiam, então, dele sangrar palavras? O amor feliz não é para ser cantado. É para ser gozado. O amor feliz não fala; ele faz.Se escrevo sobre Abelardo e Heloísa é porque sua história é uma ferida na minha própria carne.
Rubem Alves

Fime Direção: Peter Mullan