domingo, 22 de setembro de 2013

A Casa dos Homens

Sobre a peça, abordou de maneira ousada e desafiadora a questão da sociedade machista em que vivemos.
Textos como esses são importantes para romper com padrões de ações e oferecer outras possibilidades de reflexão sobre o nosso contexto.
Gostei muito das cenas. Marcante a cena da delegacia da mulher, em que a delegada, questiona o porquê a reclamante de abuso sexual estava na rua aquela hora, já que sabia que algum delito poderia acontecer. Ou seja, a própria delegada num ambiente de apoio à vítima mulher, argumentou embasada no machismo que está impregnado em nossa cultura. Oras essa, para a delegada a mulher que fique em casa e use roupas adequadas, ou então, ela mesma será culpada pelo abuso que poderá sofrer.
Com isso, é importante também pensar que os (as) próprios agentes públicos muitas vezes não têm um ambiente que possibilite refletir sobre as questões da mulher, mesmo trabalhando em um lugar que preste atendimento para essas. As pessoas são alienadas continuamente pelos meios comuns de comunicação, escola, ambiente de trabalho... que reproduzem um padrão de comportamento pejorativo no que refere-se a mulher. 
Os meios de comunicação estimulam o patriarcado com suas propagandas, novelas, filmes. A escola ensina sobre os brinquedos de meninas e de meninos separadamente. As meninas não podem brincar de carrinho, os meninos muito menos podem brincar de bonecas. As meninas têm que cozinhar no fogãozinho de brinquedo, já os meninos jogam vídeo game.
O menino também ao longo da vida é oprimido ao ser ensinado que "homem é forte"; é ensinado que não pode chorar, pois é coisa de "maricas"; não pode usar rosa; não pode brincar de casinha; não pode brincar de boneca.
E ao ser oprimido, como diria o grande Paulo Freire: Vira o opressor. Passa então, a ser opressor da mulher. Ele é quem pode tudo. A mulher é frágil e está submetida as suas condições.
Mas homens e mulheres são iguais criaturas humanas. A questão da humanidade deve preceder a questão de gênero. E a busca de igualdade não refere-se somente ao trabalho e divisões de tarefas domésticas, mas sim, igualdade no que tange o respeito pelo ser humano, independente de ser homem ou mulher.
No entanto, o homem também tem que ser libertado dos padrões de comportamento a que foi submetido. Por isso, feminismo não deve ser a luta da mulher contra o homem, pois, assim, iríamos para a outra esfera do preconceito. O feminismo tem que ser a luta pela quebra desse pensamento estagnado a que nós somos estimulados. Devemos lutar por esclarecer nosso direito ao respeito, nosso direito por igualdade de direitos e direitos esses que são óbvios. Direitos que são do branco, direitos que são do negro, direitos do baixo, direitos do alto, direitos do novo, direitos do velho. Direitos iguais e respeito que independe da questão de cor, sexo, raça, religião. 
 
Infelizmente nós somos ensinados a tratar o respeito de acordo com a circunstância do outro. A condição de ser humano não é o suficiente para ter o respeito. O seu estado (rico, pobre, branco, negro, mulher, homem) é que vai ditar o respeito e direito que terá.


Se é pobre e negro não merece respeito;
Se é rico e elegante merece até espumante;
Se é mulher, vista-se formosa ou então, leva um grito desrespeitoso de gostosaaa;
Se tem dinheiro e status financeiro vira até o meu herdeiro;
Mas se está desempregado seu lugar é do outro lado.


Após a peça houve o debate "Feminismo, Cultura e Política" com a Fernanda da Cia Kiwi de teatro.
Noite boa e proveitosa.
Peça: A Casa dos homens
Coletivo 2° Opinião
Sede Luz do Faroeste

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