De como me tornei BRUTA FLOR...

F a n t á s t i c o!

Peça linda que através de cada cena nos provoca diferentes reações e ações.

Um palco amoroso que nos traz alegria, tristeza, prazer, dor e muita magia!!

O que impressiona é que cada pedacinho das cenas é a realidade do que vivemos quando se fala de abandono, amor, dor....

LINDO!

Digo do começo pois é o princípio
Digo da descoberta pois é a linguagem
Digo da entrega pois é o caminho
Digo da permanência pois é o estado
Digo do ninho posto que é pacto
Digo do segredo posto que funde
Digo da fuga pois é o impulso
Digo do fim posto que é vivo
Digo do renascimento posto que é chama
Fim acabou! não há mais!
Nada é de nós como no começo...
Início da transmutação!...
Estado das coisas em decomposição...
Foi como foi o que foi que seria...
Te amava como respirar cada instante cada dia...
Meu corpo se despe de tua presença
Nua sigo o caminho
São flores de essência...
Sim, já abandonamos e abandonados fomos...
Cada posição tem seu encanto...
Digo do abandono, esse jogo gangorra de desdobramentos onde revezamos papéis...
O amor tem dessas coisas!
Tudo tão intenso e inesgotável... até que acaba...

Tudo ao meu redor se move...mas eu não...
Sei que em algum lugar você se diverte!Você paira, como um fantasma a espionar o meu delírio...
Preciso de coragem para tirar as garras da tua presença da minha pele da minha cabeça do meu coração
..."Não é com o teu ser...é com o meu... dá pra entender?...Coisas outras do meu mundo ao redor...Sei lá! Como vou dizer?..."
E todas as flores nas palavras
não adiantam quando alguém nos abandona...!!!
Me liga!
mesmo para me dizer as piores coisas, para me falar de desamor, mas me liga!
Me faz sentir presente na tua vida que começa a ficar distante e a nos tornar ocasionais...
O tempo se reduz ao telefone que não toca
trazendo a tua presença que se esvai da minha vida...
Eu odeio você! Odeio a tua felicidade! Quero que a vida te castigue por ter me abandonado! Que você perceba que a vida sem mim é um erro...que a tua sorte está em minhas mãos!Que sou a benção da tua vida!Que sem mim você fica frágil e vulnerável! Que te cuido! Que te venero! Que você é minha vida...Que eu te amo...Que eu, e eu, e eu, e eu, e dói, e dói e dói e dói...
Existe um ritual de sobrevivência quando o amor acaba
É como se a vida ficasse no limiar,
no tanque de reserva...parece que se vai morrer...
Mas não se morre...
E como te removo de mim?Como consigo apagar essa mancha que é você a quase perfurar o tecido do meu coração corroído?
Que o "novo" vai olhar pra mim com a expectativa irreverente de todo o começo e vou começar a chorar na hora do sexo e pronunciar teu nome na hora do abraço e sonhar conosco na hora do sono!...
E aí te vejo, até ontem inspiração dos meus dias
E me sinto só por não te reconhecer mais meu norte e bússola rumo ao infinito
E ao te ver meus olhos cachoeira alagam asfalto
E tento nadar até teus braços
Mas teus braços já rumam em direção a outros portos...
E moída de dor na tentativa
de não deixar escorrer o amor eterno por dentre os dedos
Percebo que já se foi...
Que o amor arde tocha viva e ativa
Mas basta uma fagulha de distração para apagá-la...
Nos distraímos você e eu...
Silêncio dentro de mim
morno este instante...
Em que começo a perceber talvez não te ame mais...
Não...Solidão de amar de novo!
É isso...
Não de saudades.
Sim....reconhecer amar o amor, amar a vida a dois
de nós dois,nossa intimidade,nosso sexo confiança,nosso dormir pernas entrelaçadas de intimidade
Mas talvez não mais você....
Será???
talvez estejamos prontos para nos despedir.
e porque estou arrombada e rasgada nas entranhas mais profundas, como se tudo tivesse acabado de acontecer, é que sei que estou perto da cura.
que vou fazer agora que tudo passou, e sinto nada? te amar me fazia companhia...te amar me botava pra dormir todas as noites e me acariciavam o coração doído...
Te amar me fazia levantar no meio da noite pra olhar de soslaio a companhia da dor da perda com a qual passei a compartilhar os dias desde que tudo...
CHEGA!
Me dispo de tudo o que um dia vesti...entrego! Me revisto de tudo o que um dia perdi....
lodo meu... recolho, pra recomeçar tudo de novo.
Eu largo e abandono, eu transbordo e imploro pra tudo sumir...
Que morram as julietas e se afoguem as ofélias, que sarem as cassandras que há dentro de mim...Que brotem helenas, que insurjam amantes, muitas e pulsantes, de tempos distantes, me fazendo sorrir...
Que eu queira de novo, que eu sinta outra vez o que há pra sentir...
As horas dentro de mim pedindo para explodir e vir á luz...
É isso, banida e escorraçada, de mim, a minha vida se agarra ás minhas entranhas, e não quer brotar...
Negocio num misto de doçura e ódio e explico que chegou a hora, que de nada adianta retardar os dias do encontro com a vida...
RESPIRO! Movimento instintivo da natureza que me auxilia a me expulsar de mim...Me  contorço nessa dor de renascimento enquanto eu mesma, lá dentro, lambuzada, encolhida, amedronatada, diante da luz do futuro que a minha frente se abre como um caminho infinito e me impele a me exilar de dentro de mim.
Conto, respiro, profiro, maldigo, bendigo, espasmo, contorço, desfaleço, desisto, insisto...
...é assim, a sós com a plenitude do que sou, nessa conquista árdua de amor próprio e essência,que me aprumo pro que virá...
Assim a vida, treinadora incansável, nos prepara e recicla, e nos surpreende de inspiração a cada toque de coisa nova...e nós sentimos antigos novos peregrinos percorrendo as frestas do existir...

Cia. Livre + Cia. Oito Nova dança + Cia. São Jorge de variedades + Núcleo Bartolomeu de Depoimentos
Direção: Cibele Forjaz
Texto: Claudia Schapira