Cheguei com antecedência ao instituto, então, me sentei em um banco próximo de uma árvore para ler um pouco. A medida que ia virando as páginas, percebi que tinha uma formiga na minha mão. Tirei a formiga e continuei a leitura. Logo, outra formiga. Olhei minha mão com mais atenção, e mais algumas formigas. Imediatamente me levantei me debatendo e coçando, pois, tenho certa agonia desse bichinho pequeno que me faz ficar com o corpo inteiro arrepiado e incomodado. Então, fui para a sala. Já sentada, na espera do inicio do filme e ainda com coceiras pelo corpo inteiro, percebi uma movimentação no meu rosto, próximo ao meu cabelo. Puta! Outra formiga. Peguei subitamente, como que num reflexo da aflição de sentir aquele inseto passeando em mim. Então, esmaguei pegando-a pelo indicador e o polegar. Me levantei morrendo de vergonha. Já pensou as pessoas vendo formigas descerem pela minha cabeça? Fui ao banheiro. Me debati inteira. Me olhei no espero. Baguncei meus cabelos. Pulei para que elas caíssem ali mesmo. Voltei e me sentei de novo sem sossego. E logo, passado alguns minutos: outra danada novamente desce da minha cabeça em direção ao meu rosto. Esmaguei a formiga. Fiquei desolada. Poxa! Eu tinha ficado tão pouco tempo sentada no banco, como que elas conseguiram entrar até nos meus cabelos?
As coceiras e incômodos perduraram até eu ir embora. Mas não senti mais nenhuma formiga descendo da minha cabeça.
Enfim, sobre o debate
Eu Já tinha assistido a esse filme, mas quis ir à USP para conferir a discussão sobre a morte.
Como todo debate nos faz pensar pontos que não tínhamos percebido antes.
O homem ser cuidador da mulher. É uma questão importante, pois, rompe com a visão de que só a mulher é a cuidadora.
A água corrente da torneira. Sempre a torneira fica aberta com a água sendo esbanjada. Não é como se ali fosse simbolicamente a vida? Fluindo...Correndo... Indo embora.
Outro momento, em que o pombo é pego. Ele cobre o pombo com uma manta. Agarra o pombo, acaricia. Depois, escreve que enfim conseguiu pegar o pombo, mas que no final o deixou ir embora. Isso acontece quando ele já tinha sufocado a mulher dele. Então, não parece que pegar o pombo representa que ele pegou a vida. Como ele estava fazendo ao cuidar da mulher dele. Tentando capturar a vida dela. Deixá-la viva. Mas no fim, ele deixou o pombo ir embora, assim, como também deixou sua mulher ir.
Momento em que ele conta a história que foi para uma espécie de acampamento e a sua mãe diz pra ele mandar cartões postais com estrelas, caso o acampamento não estivesse bom e quisesse ir embora dali. Ele contou que fez um cartão postal cheio de estrelas e mandou para a mãe. Ele comenta que nunca mais viu esse cartão e quem dera encontrar de novo. Como se esse cartão pudesse falar sobre a situação em que ele ou ela estava e queria sair. Em seguida, ele sufoca Anne. Assim, como a sua mãe também o libertou do acampamento, depois, de ter recebido o cartão, ao sufocá-la ele se liberta e liberta Anne da situação angustiante e sofrida que estava.
Talvez a forma que ele a matou sirva até para nos propor uma experiência sensorial desse lado brutal que é a morte.
2013
Dirigido por Michael Haneke
Com: Jean-Louis Trintignant, Emmanuelle Riva, Isabelle Huppert
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Gênero: Drama
Nacionalidade: França , Alemanha , Áustria